
Vocalista Paul Stanley fala
sobre a última turnê da banda Kiss no Brasil
Roqueiros se despedem do público brasileiro em sua última turnê, mas o
vocalista Paul Stanley garante em entrevista à ISTOÉ que “a banda nunca
morrerá”.
Com
meio século de carreira e dezenas de milhões de discos vendidos, o Kiss é uma
banda de superlativos. Tudo na trajetória desses roqueiros de Nova York é
exagerado, dos figurinos às maquiagens, dos altos decibéis de seus shows aos
alucinantes efeitos pirotécnicos. Recordistas de discos de ouro nos EUA, os
norte-americanos vão comemorar meio século de carreira no Brasil. A paixão da
banda pelo País é antiga: estiveram pela primeira vez em 1983 e, desde então,
já excursionaram em outras oportunidades, sempre com casa cheia. Será assim
também em 22 de abril, quando subirem ao palco como atração principal do
festival Monsters of Rock, em São Paulo. Será a última turnê do Kiss no Brasil.
Mas em entrevista à ISTOÉ, o líder da banda, o guitarrista e vocalista Paul
Stanley, garantiu: “o Kiss nunca morrerá”.
O Kiss está há quatro
anos viajando com a turnê “End of the Road” (Fim da Estrada). O que planejam
fazer quando ela finalmente acabar?
Começamos
em 2019 e estamos na reta final. A demanda por mais shows foi incrível. É muito
bom voltar aos palcos mais uma vez, mas, quando acabar, será o fim das turnês
do Kiss.
Por que decidiram
encerrar essa fase?
O que
fazemos é diferente das outras bandas. Se usássemos jeans e camisetas
poderíamos tocar para sempre. Mas corremos pelo palco com quinze quilos de
figurino nas costas. Não dá para continuar fazendo isso indefinidamente. Mas o
Kiss nunca morrerá, porque está na cabeça e no coração de todos. Seguiremos
vivos mesmo se pararmos de tocar. Vai além das nossas forças. É uma entidade
viva, com vontade própria.
Podemos esperar outros
músicos usando a maquiagem de vocês ou um musical da Broadway, por exemplo?
Há muitas
coisas em discussão. Não quero anunciar nada antes de estar tudo pronto, mas
estamos empolgados. Não há a menor chance de o Kiss acabar só porque não
estaremos mais fazendo turnês. O que criamos não vai embora.
Os primeiros shows no
Brasil, em 1983, foram uma revolução. Quais as suas memórias da época?
Sabíamos
que haveria muita gente, mas foi maior do que imaginávamos. Essa paixão nos fez
voltar muitas vezes, sempre tocando em estádios para milhares de pessoas. Foi
caótico, mas belo ao mesmo tempo. Uma febre de alegria.
Alguma lembrança
específica?
Lembro
que não podíamos sair do hotel, nem circular pelas cidades. Íamos direto para
os shows, sempre em caravanas e com a escolta de muitos carros. O barulho do
público era ensurdecedor, um mar de gente. Foi monumental.
O grupo será a atração
principal do festival Monsters of Rock, junto com Deep Purple e Scorpions. O
rock hoje só agrada a velha geração?
Há
estilos mais populares, mas isso não significa que o rock morreu. As bandas são
chamadas de “clássicas” por uma razão. Algumas mantêm apenas o público
original, mas o Kiss atrai um público diverso. Há sempre três gerações de fãs
na nossa plateia. Elas nunca saem decepcionadas.
Sua postura sempre foi
contra o álcool e as drogas. Já os ex-membros Ace Frehley e Peter Criss viviam
um estilo de vida radical. Como ficou imune às tentações?
Bebo vinho e não tenho nada contra o álcool. Mas muita gente morreu ou perdeu
dinheiro e criatividade por causa do excesso de álcool e drogas. É uma receita
para o fracasso, um estilo de vida triste e caricato. Brinco no nariz,
tatuagens, todo mundo quer parecer Keith Richards (o rebelde guitarrista dos Rolling
Stones). Há o Keith original, e há aqueles que o copiam.
Sua parceria com Gene
Simmons é longa e sólida. Ainda se encontram fora dos palcos?
Gene é meu irmão, mas nem sempre queremos ver nossos irmãos todos os dias. Eu o
amo e sei que posso contar com ele. Quando começamos, ainda morávamos com
nossos pais. Hoje, cinquenta anos depois, estamos aqui e vivemos muito bem.
Há rumores de que o
Kiss foi influenciado pelo grupo brasileiro Secos e Molhados. É verdade?
Nunca soube disso. Com todo o respeito, nunca ouvi falar deles.
Por qual canção quer ser lembrado?
Há muitas, mas escolheria Rock and Roll All Nite. É um hino. (ISTOÉ - https://istoe.com.br/autor/felipe-machado/)
- (Foto: Divulgação/Reprodução/ISTOÉ)